sábado, 20 de fevereiro de 2010

Alquimia



Sinto corroer-me uma esperança bravia
Um sentimento emergido de um reconhecimento mútuo
Que persiste em acrescer dia após dia

Uma combinação de elementos
Que desafia a Química, Física e Astrologia
Uma vontade de toque que duela com os ventos
Ventos que se espalham pelo universo da sinergia

Transmutação de sentimentos descobertos
Força que a minha alma contagia
Um desejo de ter-te logo perto
Saciar essa minha louca vontade de alegria

Mística historia de amor
Contida em uma tela de pedra filosofal
Contente em apenas vislumbrar a beleza da flor
E viver essa vida humana artificial

Alquimia desvairada de sentimento
Elixir da Longa Vida
Seu cheiro, seu toque, seus beijos: Num doce e doce acalento.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Represa



Entre tantos elementos da natureza
Uso a água como inspiração de poesia
Sinônimo do ser que me inspira
Significando beleza e fantasia

Em uma árdua batalha
Luto insistentemente com a água
Agarro-a pelas mãos e ela foge-me
Cortando-me os dedos como navalha

Represa transmutada em lembranças
Regada pela mistura homogenia
Sangue e água
Coágulos de experiências efêmeras

Um universo crescido e pedaços de infância
Heterogeneidade que se mistura
Represa que sangra e que enche
Na eterna correnteza das descobertas e
Das gotas que na mão perduram

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

A carta


Na velha estrada, marcada por gritos e pegadas de sangue, a roda da carroça vai avançando. Na carroça carrancuda cercada de espinhos, um homem segue com uma missão: entregar a carta. Depois de algumas horas de viajem, a carta assombrosa, repleta de dor e agonia, chega ao seu destino, trazendo perguntas emergidas de um passado tenebroso.

A roda pára em frente a uma casa grande, genial e gélida, possuidora de um mistério frio que fervilham os miolos e movimenta o cérebro estático de quem a observa. O cocheiro, depois de muito bater, já ia desistindo, quando de repente um homem aparece, longa barba, vestimenta desfolhada, seca e triste. Ao entregar a dita carta, o cocheiro se despede rapidamente, deixando o homem velho encharcado de vento, vento do que se parece ser nada.

Ao abrir aquela carta, o velho homem percebe que esta nada continha. Um papel branco em branco, sem palavras, sem linhas, sem nada. Não havia mais absolutamente nada que o fizesse vivo. Aquele papel branco, angustiado, de perguntas da cor de espíritos, transgrediu as mãos, entrou pelos ouvidos e narinas, criando uma sinestésica sensação de vazio.

O velho homem se percebe só, sente-se como um pedaço de vento fétido vagando pelo universo particular do nada, em que não há astros e nem luz, só vento com odor de solidão.

Enquanto isso, o cocheiro livre, recebe o seu pagamento pela entrega da carta, e segue cantarolando, rodando naquela velha estrada, por cima das marcas de sangue. Lembrança de um passado fétido e o cheiro de um futuro ainda a construir.